Entre versos

Última carta sobre você

Fonte: Tumblr

Você sabe que me têm por inteira. Vem e vai quando quer, sem avisar. Abre a porta e antes de sair deixa entreaberta, para um dia quem sabe, voltar. E eu continuo no mesmo lugar de sempre.


Eu nunca fui muito fã de coisas partidas, pela metade. Seja sobre assistir um filme pela metade ou ter alguém, que não transborde e não queira ficar.

E por ilusão ou ironia, eu quis você.

Por instantes, não mais.

Eu não quero nada que não me complete. Não quero um quase amor ou uma quase amizade. Não quero ter a metade de ninguém. Não me contento com tão pouco, migalhas.

Não quero nada que tire a minha paz e me diminua, que leve a minha cor de mim.

Você se foi e hoje eu posso ver, você não é para mim, você não me desce mais. Intensa demais, para mergulhar em alguém tão raso. 
Entre versos

O que falta em mim

Fonte: Tumblr

Acredito firmemente que tudo na vida é energia. Se você está com pessoas de boa energia você vai emitir isso. Se você está com pessoas de pouca luz, você vai se apagar no meio delas.

Houve tempos que precisei conviver com pessoas que não era de mim, para tentar me encaixar em um "padrão" que só existiu na minha cabeça.

Eu sempre quis ter o mundo nas mãos e achava que aquilo iria preencher o vazio que eu sentia — e funcionou por um curto tempo.

Não os culpo, mas sou intensa demais para coisas tão sem significado.

Descobri no meio da minha bagunça, que me relacionar com algo que não faz parte de mim só fez no final, me magoar. E antes eu não entendia, mas não adianta eu querer ser algo que não sou, que não faz parte do meu eu, para tentar me colorir com algo preto e branco.

Uma vez li em um texto que falava que o vazio é falta de si mesmo. E pela primeira vez, tudo fez sentido. Eu me encontrei em cada palavra dita nele. Eu cai na real. E cheguei a conclusão que não preciso tentar me "preencher" em um mundinho que eu não me encaixo, para tentar suprir a falta de mim mesma.

E por muitas vezes senti minha falta. 

E apesar de ser muitas em uma só confusãovou tentando desatar todos os meus nós. Tentando juntar todos os meus pedaços que foram ficando espalhados por cada canto que passei, por cada pessoa que conheci e que levou um pouco de mim.

Eu sou meu próprio lar, o meu vazio e a quem me preenche. Sou meu próprio refúgio. Intensidade. Turbilhão. Meu amontoado de inseguranças. Sou meu próprio amor.  E não preciso me esvaziar pra caber em alguém, eu sou o que falta em mim.


Entre versos

Quando eu me encontrar


Talvez você queira ouvir: Tyler Hilton - Stay

Fazia um tempo que não escrevia, não sei bem o que vinha acontecendo. As palavras fugiam as coisas já não tinham mais tanta intensidade, tanto significado. Não era uma crise existencial, talvez nem sequer vazio fosse. 

2017 chegou ao final e nada. Nem sequer uma palavra. Não iria escrever o que não sentia, pois isso está longe de mim. O tempo foi passando e eu fui me distanciando de tanta coisa, até mesmo de quem eu era. Fiquei por ali observando e dessa vez a mim mesma. Tentando me encontrar em meio aquela bagunça toda.

E a verdade é que quando a gente se perde no nosso próprio eu, demora um tempo para se reencontrar novamente e colocar as coisas no lugar. Quando as palavras somem e só nos restam o silêncio, aquele silêncio que nos arranha a garganta, é complicado.

É como se... sabe quando você tem um ponto de apoio? Como se fosse sua âncora, ai te puxam, te arrancam aquilo que te sustenta em pé e você fica perdido, sem saber onde se ancorar?! Não sei se já se sentiram assim, mas era exatamente assim que me senti esse tempo todo. Sem meu ponto de apoio, sem meu próprio eu, sem a escrita.

E quando isso acontece, a gente se sente perdido como quem perde algo e só nos resta um buraco no peito.

Quem dera a nós poder limpar a bagunça do coração, como quem limpa a casa, jogando fora tudo o que não nos serve mais. A gente deveria vim com manual de instruções de como arrumar a nossa própria bagunça interna ou de como recomeçar do zero e esquecer de todas as coisas que nos tira a paz. Seria tudo tão mais simples, que é disso que andamos precisando: simplicidade... E uma porção de outras coisas. 

Porque a vida vai te dar rasteiras das quais você vai achar que nunca vai levantar, você vai se decepcionar, vai descobrir que aquela sua amiga, não é tão amiga assim. Vai ver a foto daquele carinha que você gosta, com outra — e vai doer. Vai ter uma fase que tudo vai dar errado, as palavras vão sumir e só irá sobrar o vazio. E depois disso o silêncio. Porque depois de toda confusão vem a calmaria e é aí que a gente se perde. 

E tudo bem as coisas não saírem como o planejado. Tudo bem dar errado. Eu estou tentando aprender na marra que está tudo certo nisso. Quem sabe um dia eu também não aprenda a lidar com minha imensidão e descubra o que tanto falta em mim e finalmente diga: "seja bem vinda de volta".                                                                           
...e dessa vez por inteira.
Entre versos

Desde que você se foi

Imagem: Tumblr

Eu achei que tinha te superado, jurei a mim mesma não me importar. Eu fechei os olhos para tudo que estava sentindo e estava dando certo. Mas não sei o que  aconteceu no meio do caminho — Eu auto me sabotei.

E só foi eu te ver de novo para todo aquele sentimento voltar, um sentimento que nem eu mesma sabia que existia, mas que estava o tempo todo dentro de mim e eu boba demais, acabei colocando muros ao redor dele para não sentir o que era algo inevitável. 

E o que me dói é saber que um dia eu te tinha nas minhas mãos e eu não te enxergava. Não enxergava algo que estava tão transparente, bem em minha frente Achava que era algo bobo e que logo ia passar, não acreditava que alguém um dia poderia me amar E eu errei, errei feio. Auto me sabotei, coloquei muros em nós onde deveria ter sido pontes, eu nos sabotei.

O destino é irônico demais conosco, ele arruma formas de nos unir, mas sempre algo ou alguém nos leva para longe. Como um sopro que nos leva para caminhos diferentes, mas ao mesmo tempo iguais, talvez seja mesmo um muro invisível que nos separa.

Sinto como se nós fossemos como uma borboleta que pousa em meu ombro e logo em seguida voa para longe.

Eu preciso ser sincera comigo mesma, pelo menos uma vez, só essa vez. Eu não te esqueci, eu não superei a sua ida e isso dói, talvez eu nunca supere, talvez seja até meio clichê dizer que eu tenha encontrado o amor da minha vida e por um descuido, ter deixado ele voar para longe de mim, pois eu não consigo mais te decifrar, te olho nos olhos e não consigo enxergar o que se passa dentro de ti.


E desde que você se foi tudo ficou tão sem graça, meio preto no branco e eu preciso confessar que as coisas ultimamente estão difíceis por aqui, a saudade esses dias resolveu habitar em mim, sinto saudades de tudo que um dia não fomos.

As coisas andam diferentes já não são mais recíprocas e dessa vez a culpa não é minha. Você se foi e eu fiquei aqui juntando os caquinhos que sobraram de mim e com esperanças que um dia você resolva voltar e dessa vez ficar.
Entre versos

Eu sou tudo aquilo que escrevo

We Heart it

Me peguei pensando em todas coisas que me fazem ser eu. Eu sou tudo aquilo que escrevo.

Em todas as minhas crises existenciais e internas — era e é  onde me acho, na poesia, onde ficam minhas mais profundas camadas, que quase ninguém conhece.

Eu sou a quem ver tudo de uma forma diferente, desde sempre, desde muito nova o azul do céu não era apenas o azul do céu. A chuva, os fins de tarde e tudo que vejo não é apenas aquilo que todos veem. É muito mais, vai muito além.

Eu sou a imensidão do mar. Às vezes o café que queima a própria língua. 

Sou a quem chora vendo e lendo um bom romance, mas que nem sempre acredita nele e que sonha tanto que às vezes acaba no final, se decepcionando  Mas também se parasse de sonhar não lhe sobraria metade de quem é.

Tão orgulhosa que quando está certa em algo, não dá o braço a torcer por nada, mas quando está errada sempre reconhece o erro e pede desculpas a quem um dia magoou.

Nem sempre consegue explicar sentimentos e nem a si mesma. É quase sempre inconstante, está sempre se renovando, por isso escreve. 

E pode soar estranho amar ficar sozinha e ao mesmo tempo amar viver rodeada de pessoas e animais que ama. 

Eu sou nostalgia de um filme antigo, do piano e violino. A alegria do carnaval todinho. Eu sou a saudade boa de alguém que não volta. Sou tudo aquilo que ninguém ver e se tem uma coisa que não consigo ser, é apenas uma. 

Escrevo, me descrevo. Me viro do avesso, me perco e me encontro nas palavras e se um dia eu deixar de escrever, eu passarei a não ser eu mesma. Será apenas um vácuo no lugar de quem um dia eu fui. 

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